Perfis de Liderança são postos em Cheque

Perfis de Liderança são postos em Cheque

O papel das lideranças nas organizações nunca esteve tão em evidência: tanto no mercado de trabalho quanto em publicações empresariais ou de negócios. Um dos indícios que podem explicar o fenômeno vem de pesquisas como da consultoria Gartner, que afirma que 48% dos gestores da atualidade podem representar riscos para as empresas em que trabalham.

O mesmo levantamento aponta que tais gestores aumentam em 91% a probabilidade de os colaboradores terem performance menor que a esperada e risco três vezes maior de funcionários deixarem a empresa. Também afirma existir chance quatro vezes menor tanto de a empresa deixar os clientes satisfeitos quanto de haver inovação no negócio.

Segundo Sandra Mariano, professora da Universidade Federal Fluminense (UFF) e pesquisadora dos temas liderança, educação e empreendedorismo, os dados da pesquisa refletem gestores que possivelmente não ouvem sua equipe, não têm clareza sobre o que é preciso ser realizado e, por isso, não conseguem ser claros sobre o que espera de cada um de seus liderados. Ela diz, ainda, que os índices demonstram despreparo em diferentes quesitos, entre eles o de não demonstrar empatia ao tratar todos da mesma forma, quando o ideal seria perceber as diferenças e necessidades de cada membro do time.

“Pessoas assim dificilmente alcançam os resultados que buscam, e, às vezes, quando logram êxito, o fazem com um enorme custo emocional para as pessoas. Por motivos como esse, na atualidade as empresas estão preocupadas com os cargos de liderança e aplicam, cada vez mais, avaliações como a 360 graus — em que os líderes também são avaliados e é possível identificar os conhecimentos, habilidades e atitudes que precisam ser desenvolvidos ou melhorados”, diz a pesquisadora.

De acordo com a administradora e professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Juliana Genevieve, chefes imaturos, inseguros e inadequados para cargos que requerem alta capacidade de liderança podem gerar um ambiente de trabalho tóxico e improdutivo. “Esses líderes tendem a tomar decisões baseadas em impulsos e não em análises racionais, o que pode resultar em falhas estratégicas significativas e na desmotivação das equipes”, afirma Genevieve.

Ela também ressalta a importância de uma formação sólida e de programas de mentoria para o desenvolvimento de líderes competentes. “Empresas que investem em programas de mentoria e na capacitação contínua de seus gestores conseguem criar uma cultura organizacional mais robusta e resiliente. A formação de líderes deve ir além das habilidades técnicas e incluir o desenvolvimento de competências emocionais, como empatia, inteligência emocional e capacidade de comunicação”, explica a professora da FGV.

Juliana Genevieve aponta ainda que a inadequação de um líder pode ter repercussões financeiras diretas para a empresa. “Um líder mal preparado pode gerar um aumento no turnover, custos elevados com recrutamento e treinamento de novos funcionários, além de impactar negativamente a imagem da empresa no mercado. Por isso, é fundamental que as organizações adotem critérios rigorosos na seleção e promoção de seus gestores, garantindo que eles possuam as qualidades necessárias para liderar de forma eficaz e ética”, conclui Genevieve.

A integração de práticas de avaliação contínua e feedback construtivo é destacada como uma ferramenta essencial para o aprimoramento das lideranças. “Avaliações periódicas permitem identificar pontos fortes e áreas de melhoria, facilitando o desenvolvimento pessoal e profissional dos líderes. O feedback construtivo deve ser parte integrante da cultura corporativa, promovendo um ciclo de crescimento contínuo e alinhado com os objetivos estratégicos da organização”, finaliza a administradora da FGV.

Além disso, diz que é recomendável avaliar se as diretrizes organizacionais e o papel do colaborador estão claros, este conhecimento sobre a importância e relevância do papel de cada um na contribuição coletiva é essencial para uma equipe alinhada e motivada na organização.

“Muitas vezes, eles o fazem com o aval da própria empresa, que por entender que o funcionário traz resultado para a organização, faz vista grossa. Porém, mais cedo ou mais tarde, isso poderá custar caro para a própria sobrevivência do negócio”, diz Juliana.

 

Fonte: https://online.flippingbook.com/view/465705070/46/

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