Maturidade: A perda da ilusão do controle

Maturidade: A perda da ilusão do controle

Por quê adoramos a previsibilidade ao mesmo tempo que gritamos aos quatro ventos que admiramos a espontaneidade?

Por quê valorizamos a autenticidade ao mesmo tempo em que insistimos em fazer quase tudo sempre igual?

Aprendemos com Jules Henri Fayol, as boas práticas da administração: Planejamento, Organização, Direção e CONTROLE. Com isso, passamos a acreditar que entendendo o mundo como processo, entenderíamos as empresas e conseguiríamos enfim, estar no controle de tudo, inclusive da nossa vida. Ser gestor fazendo uso desses atributos, garante em parte uma maneira de gerir bem, justificando algumas tomadas de decisão.

Contudo, muitas coisas da vida, inclusive as mais significativas, curiosamente não estão sob nosso controle.

Não conseguimos prever com absoluta certeza, se teremos ou não filhos, quando iremos nos apaixonar, se conseguiremos aquele trabalho dos sonhos. Também não conseguimos prever chuvas em excesso, enchentes, eventos climáticos de grande magnitude. Não prevemos ainda a entrada de um novo concorrente no mercado, o dia em que a queda de ações poderá implicar o resultado das empresas, ou ainda o que nosso semelhante está pensando, sentindo naquele exato momento!

São eventos carregados de surpresa, espontaneidade, imprevistos repletos de subjetividade.

Teríamos sido permissivos quando nos permitimos ser condicionados a exercer apenas a gestão, na busca por certezas?

Líderes costumam se destacar em momentos de instabilidade, pois conseguem, apesar de todo medo e insegurança, tomar decisões mesmo com a escassez de informações e/ou base de dados suficientes. Estes, já se deram conta de que controle é como o véu de maya, pura ilusão!

Podemos ser bom gestores, controlando o que se pode controlar. Entretanto, insuficiente para liderar.

Liderar, requer ousadia, requer transcender o ego, requer espontaneidade, coragem, humildade de admitir e ter fé na vida como ela é. Vida essa, cheia de prazeres e desprazeres, de ruptura e continuidade, de nascimento e morte, de ganhos e perdas, de lucros e prejuízos.

Liderar é ter fé na vida como ela se apresenta e não como gostaríamos que ela fosse. É ter para decidir, mesmo sem ter noção do desfecho que virá. Ser líder, não é sinônimo de certeza, mas de esperança de que outros dias diferentes virão.

A vida não é só processo. É também arte, beleza, criatividade, ousadia, autenticidade, amor…

Há uma linha tênue entre liderança e gestão, entre amorosidade e permissividade. E, podemos ser protagonistas nessa escolha.

Diremos SIM para a complexidade da vida? Ou insistiremos em fazer dela um processo absoluto e objetivo para caber numa gestão?

Atingiremos enfim a maturidade?

Juliana Genevieve

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