Diga-me quantos seguidores tens e te direi quem és!
Nos últimos anos, tivemos avanços incríveis acerca dos temas inclusão e diversidade. Empresas começaram a promover palestras, capacitações no intuito de ir além de uma mera conscientização.
Não que sejamos ingênuos de pensar que todas essas instituições estariam atuando pelo ideal em si. Muitas delas optaram por estabelecer ações nessas esferas ao perceberem que essas atitudes trazem maior reconhecimento à marca, o que também significa agregar valor a empresa, o que afeta positivamente os resultados.
Inclusão diz respeito ter acesso aos direitos fundamentais, apesar das diferenças. Considerando as diversas camadas nas dinâmicas das relações sociais e da sociedade como um todo.
Várias dessas esferas são tratadas nessa abordagem:
Cor, gênero, idade, orientação sexual, formas intelectuais, físicas, diferentes culturas, religiões. Reconhecer, acolher e incluir essas diferenças é de uma importância da ordem do incomensurável. Pois significa olhar e reconhecer o ser humano, como ele é! Na beleza de sua pluralidade!
Contudo, de uma maneira sutil e sorrateira, tem surgido uma nova forma de exclusão:
Dos não ativos nas redes sociais.
Profissionais que por qualquer razão não se promovem nesses meios.
Porque destinam tempo para realização de outras tarefas, como:
Pesquisas, cirurgias, produção de conteúdo não digital, estudos, escrita, produção de conteúdos, de aulas ou simplesmente, fazendo sua própria arte! Por inabilidade do uso das redes, ou, por não gostarem de se expor frente às câmeras, por falta de recursos para contratar uma assessoria de mídia, por prezar focar na família em seu tempo livre…
Esse grupo costuma ter um número inexpressivo de seguidores. Alguns, tem seus perfis fechados, outros, nem em rede social está.
Então, ganham uma capa, a da invisibilidade, independente da qualidade do trabalho que tem a oferecer. Muitos, não conseguem editoras para publicar livros valiosíssimos em qualidade de conteúdo, uma vez que não atendem ao critério atual relacionado ao número de seguidores que tem em suas redes.
Editoras, times de futebol, emissoras de TV, partidos políticos, buscam retorno do investimento através das viralizações de terceiros. O que esse terceiro faz? Pouco importa, o foco é trabalhar com algoritmos de viralização.
Não por acaso, uma gama extensa de influencers picaretas vez ou outra são desmascarados. Seja pelo exercício ilegal da medicina, aplicações de substâncias proibidas, promoção de jogos ilícitos, vendas de cursos plagiados de pesquisadores que sequer tem redes sociais…
Do outro lado, talentos sendo desperdiçados, uma vez que estão sendo, negligenciados e excluídos. Afinal, “se tem poucos seguidores, então, não devem ser bons!”
E a inclusão, o respeito, a dignidade?
Continuam a deriva nesse mar onde grita-se aos quatro cantos sobre respeitar as diferenças e ao mesmo tempo insistem em dizer:
Quanto seguidores tens? Então, saberei quem és!